Casal Sidcley e Adna em plantação de pimentas que os alavancou no empreendedorismo. Foto: Agência Santarém. |
A ideia de transformar os frutos das pimenteiras do quintal de casa em negócio surgiu por acaso. O casal Sidcley e Adna já pensava em ingressar no empreendedorismo, mas ainda não sabia qual direção seguir.
O
Sidcley é um biólogo apaixonado pela natureza e a Adna, uma veterinária que
adora animais silvestres. Os dois amam suas profissões, mas queriam encontrar
um trabalho que pudesse manter a família por perto.
“A
gente ficava meses longe da família e longe um do outro. Eu estava trabalhando
na Bahia e ela em Trombetas. Depois eu estava em Santarém e ela no Maranhão.
Então, no último trabalho eu percebi que precisava de uma solução”, lembrou
Sidcley Matos.
Enquanto
não encontrava uma solução para o problema, o Sidcley se interessou por um novo
hobby. Cultivar mudas de pimentas.
“Ele
começou a plantar no quintal e encheu todo o espaço que nós tínhamos e era
briga porque eu não entendia pra que tanta pimenta. Já não tinha mais área pra
estender roupa e nem pra passar”, recorda a esposa.
Negócio de pimentas fabrica 2 mil produtos por mês. Foto: Agência Santarém. |
De tanto ouvir reclamação por causa das pimentas, o marido decidiu anunciar suas mudas na internet, mas se surpreendeu com o resultado. As plantas foram vendidas rapidamente.
O
episódio fez o Sidcley enxergar uma possibilidade de negócio no seu passatempo.
Ele passou a cultivar as mudas para venda, mas a esposa ficava com pena dos
frutos que quase nunca eram aproveitados e decidiu desenvolver receitas em
casa. Logo o casal estava produzindo geleias, molhos, conservas e até cachaças
artesanais.
Em
abril de 2018 a Adna e o Sidcley decidiram dar um passo importante. Fizeram a
primeira compra de embalagens e procuraram o apoio da Prefeitura de Santarém,
por meio da Secretaria de Turismo, para vender a produção.
“Fomos
no Cristo Rei apresentar nossos produtos e levamos degustação e uma semana
depois a coordenação ligou pra gente dizendo que haveria um evento para os
artesãos no Espaço Pérola e nós estávamos convidados”, lembrou Adna Picanço.
No
espaço Pérola, o casal fez sua primeira exposição e se surpreendeu com o
resultado. “Vendeu tanto que acabava tudo no dia e tinha que fazer tudo de novo
a noite pra vender no dia seguinte porque a gente não tinha tanto estoque. Nós
ficamos muito empolgados. As pessoas vinham, falavam com a gente chamando pra
fazer exposição em outros lugares e agente se dividia e ia pra tentar mostrar,
divulgar o nosso trabalho”.
O
segundo convite para exposição em um evento não demorou muito. Dessa vez foi
para a edição de 2018 do Festival Gastronômico Cozinha Tapajós. De novo, o
estoque não foi suficiente para suprir a demanda. Os molhos agradaram o público
do evento.
“Eu
levava duas caixas de molho e voltada com as caixas vazias. Tinha que cozinhar
o dia inteiro pra ter o produto pra vender na próxima noite. Foram os três dias
do evento assim”, conta Sidcley.
Naquela
época a marca ainda se chamava Pimentas da Roça, mas no final de 2019 foi hora
de dar outro passou importante. O casal contratou um consultor e recriou o nome
e o conceito da marca, que passou a se chamar Ardosa. As novas etiquetas têm a
flora e a fauna da região amazônica representadas.
Para
se manter no mercado, os empreendedores buscaram qualificação e investiram na
qualidade.
“Nós
sabemos que tem muita concorrência no mercado, mas os nossos produtos têm um
diferencial. Não tem nenhum produto químico como conservantes e a gente
valoriza o que a gente tem na Amazônia, como o cupuaçu, açaí, dedo de moça e
castanha do Pará”.
A
dupla conta que o molho de açaí é o que faz mais sucesso entre os turistas de
São Paulo, mas os produtos são vendidos para turistas do mundo inteiro. “Já
vendemos para pessoas da china, Japão, Estados Unidos, Índia, Indonésia. Vários
países”.
O
negócio está crescendo. As plantações de pimenta no quintal de casa e no sitio
da família já não dão conta de abastecer a empresa, que passou a comprar a
matéria prima de produtores locais. E a pequena fábrica construída em um anexo
da residência do casal agora emprega outros membros da família.
“Começou
com a necessidade de estar junto da família e hoje a gente sente que está
acontecendo isso. A gente está sempre perto da família. Cozinha é trazer as
pessoas pra perto de você. E o mais importante é que nós estamos nos
divertindo. Somos felizes com o nosso trabalho”.
Atualmente
a Ardosa fabrica 2 mil produtos por mês e já há tratativas para exportação. São
molhos, geleias, conservas e cachaças, que, por enquanto, podem ser encontrados
em restaurantes, padarias e lanchonetes da cidade. O casal também expõe em casa
e nos espaços rotativos do Terminal Fluvial Turístico e do Cristo Rei.
Prefeitura valoriza e organiza a
produção artesanal local
A
Prefeitura de Santarém apoia a produção artesanal na cidade, ofertando cursos
de qualificação e realizando feiras e eventos para exposição e comercialização.
Também
são realizados levantamentos para identificar atividades empreendedoras de
produção artesanal nos bairros e comunidades a fim de incentivar essas
iniciativas, ofertando democraticamente oportunidade aos produtores
interessados em expor e comercializar em espaços públicos destinados para esse
tipo de trabalho.
Para
o secretário municipal de Turismo, o apoio da Prefeitura amplia as
possibilidades de negócio de micro e pequenos empreendedores. “Nós estamos
democratizando espaços públicos e dando oportunidade para novos empreendedores.
Há muitos negócios em Santarém com potencial pra crescer, mas o começo não é
fácil. Quem está investindo e produzindo precisa desse apoio para conseguir se
estabilizar. Por isso o governo municipal oferece ajuda”, argumentou Diego
Pinho.
Com
informações Agência Santarém
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