"Jardim das vitórias-régias" enfeita a frente da residência de Dulce Oliveira, no Canal do Jari, em Santarém — Foto: Zé Rodrigues/TV Tapajós |
A
beleza das vitórias-régias, planta aquática típica da região amazônica, foi o
que levou a ex-marinheira mercante Dulce Oliveira a utilizá-las para formar um
jardim diferente em frente à casa dela, no Canal do Jari, braço do Rio
Amazonas, no município de Santarém, no oeste do Pará.
Em 2014, a ex-marinheira
mercante foi morar na comunidade de várzea junto com o esposo, que é natural da
região. E ao chegar lá, surgiu a ideia de plantar a vitória-régia para enfeitar
a frente da residência do casal. Mas as coisas foram tomando uma proporção
muito grande e o espaço começou a virar atração turística para todos que
decidiam visitar o Canal do Jari, distante 23 quilômetros da zona urbana de
Santarém.
Mas só o jardim não
bastou para Dulce, que começou, por conta própria, a estudar a planta e
experimentá-la como base para receitas gastronômicas.
“Antes, eu já havia
estudado um pouco sobre ela, mas o plantio mesmo começou em setembro de 2014.
Me casei com um nativo, seria muito difícil levá-lo daqui, então resolvi me mudar
para cá. Começamos a cultivar a vitória-régia e percebi que os animais se
alimentavam da planta", explicou a empreendedora, dona do Jardim das
Vitórias-Régias.
"Aprendi na Marinha Mercante que se três espécies ou mais de animais se alimentam de determinada planta, nós seres humanos também podemos comer”.
Os testes de Dulce resultaram, até
agora, em 20 receitas. Entre elas, rabanada, tempurá, vinagrete, quiche,
pipocas e até as “vitórias-chips”, como as batatas-fritas, só que produzidas a
partir das plantas amazônicas. Até conserva já é produzida com as
vitórias-régias. E o melhor, a cozinheira usa praticamente todas as partes da
planta em seus experimentos gastronômicos. Caule, folhas, flores, sementes.
Tudo vira um prato delicioso nas mãos de Dulce.
Dulce Oliveira desenvolveu 20 receitas gastronômicas com base na vitória-régia — Foto: Zé Rodrigues/TV Tapajós |
“Varia, dependendo da época. Atualmente, por exemplo, não temos à disposição as sementes. Mas usamos sim, tudo”, ressaltou Dulce.
E a experiência de visitar o jardim e de
provar as receitas vem atraindo cada vez mais turistas do Brasil e do mundo
todo. O Evanir, por exemplo, viajou com a família, de Belo Horizonte a
Santarém, para comemorar o aniversário dele e do filho. E se disse encantado
com a beleza do lugar, algo que nunca tinha visto antes.
“A gente só via as vitórias-régias em
livros, mas quando chegamos aqui e tivemos essa visão, foi maravilhoso. A gente
fica até emocionado porque chegando aqui é como se sentíssemos a floresta,
vemos o quanto temos belezas naturais nesse país”, exaltou Evanir Borges.
As receitas e o Jardim das Vitórias-régias viraram atração para turistas do mundo todo — Foto: Zé Rodrigues/TV Tapajós |
O
filho, Frederico Veloso Borges, aproveitou para tirar várias fotos e registrar
essa experiência única para todos eles. “Com certeza, vou levar muitas fotos e
fotos muito diferentes, de paisagens muito diferentes. Está sendo maravilhoso
conhecer esse lugar”, comentou.
E, claro, que os
mineiros não perderiam a chance de provar as receitas de Dulce. E apesar de
confirmarem que o sabor é bem diferente do que estão acostumados, eles gostaram
muito dos pratos amazônicos. "É muito diferente da culinária mineira, mas
também muito gostoso. As receitas todas estão mais do que aprovadas",
opinou Júlia Araújo.
Atualmente, Dulce conta
com 134 vitórias-régias adultas e mais 89 mudas em seu jardim. A planta
amazônica é cercada de misticismo, pois de acordo com uma lenda indígena
tupi-guarani, a vitória-régia nasce a partir do desejo da deusa Jaci, que
transforma a índia guerreira Naiá, que havia perdido a vida, na primeira
“estrela das águas”.
E,
sem dúvida, as vitórias-régias são estrelas na vida de Dulce. Tanto que ela não
se imagina sem o seu jardim e aposta na utilização para um bem ainda maior, do
que a visitação e a gastronomia.
“A melhor parte da casa
é essa, a planta amazônica enfeitando a frente, então não me vejo sem o jardim.
Mas eu trocaria todas as receitas se pesquisas chegarem a alguma conclusão na
parte medicinal. Definitivamente, eu faria essa troca”, concluiu.
* Com informações G1 Santarém e Região / Colaboraram Henrique
Pimentel e Zé Rodrigues, da TV Tapajós
https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2020/02/10/vitorias-regias-viram-atracao-turistica-e-base-para-receitas-gastronomicas-no-para.ghtml
https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2020/02/10/vitorias-regias-viram-atracao-turistica-e-base-para-receitas-gastronomicas-no-para.ghtml
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