Dentre as mais variadas espécies de peixes encontradas na Amazônia, em especial na região de Santarém, destacam-se algumas espécies comerciais que são encontradas com frequência e que fazem parte no dia a dia da alimentação dos santarenos. Destacamo-las a seguir. 

Pirarucu (Arapaima gigas)
Foto: Igui Ecologia
É o maior peixe de escamas da Amazônia, chegando a atingir mais de 2 metros de comprimento e 100 quilos de peso. Tem escamas grandes e resistentes de cor cinza claro ao longo do corpo e castanho - avermelhado na cauda. Caracteriza-se pela língua óssea e áspera e pelo corpo roliço. Tem respiração aérea obrigatória, isto é, precisa subir regularmente à superfície para tomar o oxigênio do ar, a cada 10 ou 15 minutos no caso de adultos, sendo que os bonecos, como são conhecidos na região os pirarucus mais jovens, sobem para respirar em intervalos mais curtos. Este hábito é conhecido pelos pescadores e usado para capturá-lo com arpões. 

Espécie muito apreciada como alimento, contudo em virtude de sua escassez, sua presença nos mercados é pequena, sendo inclusive proibida sua captura entre os meses de novembro e março. É comercializada em mantas, que é a carne, em forma de filé, que fica após a retirada da cabeça, das nadadeiras, e da espinha dorsal, praticamente sem espinhas. Dois métodos de conservação são utilizados: o gelo e a salga, sendo este último o principal. 

Receitas típicas feitas com o pirarucu: Pirarucu ao escabeche, Pirarucu ao Camarão, Pirarucu empanado dentre outros.  

Curimatá (Prochilodus nigricans)
Espécie de médio porte alcança cerca de 40 cm de comprimento. Caracteriza-se pelo corpo alongado; coloração cinza prateada, ligeiramente azulada no dorso; as nadadeiras caudal, dorsal e anal apresentam numerosas manchas escuras e claras, alternadamente; escamas ásperas ao tato, boca em forma de ventosa, com lábios carnosos sobre os quais são implantados numerosos dentes diminutos em fileiras. 

Tambaqui (Colossomamacropomum)
Imagem Internet
Espécie de grande porte alcança cerca de 90 cm de comprimento. A parte de cima do tambaqui é cinza escuro, os lados são prateados e a barriga é esbranquiçada. Alimenta-se de frutos, sementes e zooplâncton. Na cheia, entra nos igapós onde se alimenta de sementes e frutos como o bacuri, jauari, socoró, tarumã e uruá, que caem na superfície da água engolindo-os antes que afundem. 

Os tambaquis jovens, conhecidos como bocós, passam o tempo se alimentando e crescendo nos lagos até que se tornem adultos e prontos para a primeira reprodução com cerca de 3 a 4 anos, tendo em torno de meio metro (55 cm). A desova do tambaqui acontece através de uma longa viagem, realizada no final da seca, com a chegada das chuvas, chamada de "piracema", ou migração. 

Espécie muito apreciada como alimento e utilizada na piscicultura.

Acari (Loricariidae - família)
Foto: Diego Oliveira
Conhecidos vulgarmente por acaris, bodós ou cascudos, são caracterizados pelo corpo recoberto por várias fileiras de placas ósseas, formando uma espécie de couraça protetora. A maioria das espécies tem corpo bastante achatado, com o ventre praticamente reto. Vivem em diversos tipos de ambientes, desde trechos encachoeirados e ricos em oxigênio, até poças de água estagnada. São muito apreciados como alimento e apresentam importância econômica regional. Alimentam-se de algas, detritos e pequenos animais a eles associados.

Dourada (Brachyplatystoma flavicans)
Espécie de grande porte pode atingir mais de 1,5 m de comprimento e 20 Kg. A dourada quando recém capturada exibe uma coloração típica, com a cabeça prateada e o corpo claro com reflexos amarelo-dourados, daí o seu nome comum. Apresenta elevada importância comercial em diversas áreas da Amazônia. É um predador por excelência, atacando vorazmente os cardumes de peixes menores, principalmente peixes de escamas. Realiza longas migrações rio acima na época da reprodução, que supostamente ocorre nas áreas de cabeceiras. É capturada com malhadeiras, espinhel e linha de mão. 

Filhote (Brachyplatystoma filamentosum)
Também conhecido como piraíba, carrega a fama de ser o maior peixe liso das águas doces sul-americanas, ultrapassando 2 m de comprimento e podendo chegar a 200 Kg. Estudos têm demonstrado que essa espécie alimenta-se junto ao fundo, onde captura principalmente pequenos bagres. Todavia, persegue também cardume de peixes de escamas em migração. 

Pescada (Sciaenidae - família)
São originalmente marinhas e estuarinas, sendo que três gêneros apresentam espécies nas águas doces da Amazônia. Dois deles estão presentes nos mercados de Santarém: Pachypops e Plagioscion. A espécie mais encontrada é a Pescada ou Pescada-branca (Plagioscion squamosissus) — de grande porte, alcança mais de 50 cm de comprimento. Sua alimentação depende do local onde se encontra, podendo ser composta por camarões e peixes. Espécie muito apreciada por sua carne branca e delicada, e por isso apresenta grande importância comercial.

Jaraqui (Prochilodontidae - família)
Foto: Portal Beiju
São encontradas duas espécies: jaraqui-escama-fina (Semaprochilodus taeniurus) e jaraqui-escama-grossa (Semaprochilodus insignis). Ambos são espécies de médio porte alcançando cerca de 30 cm de comprimento. São comumente capturadas juntas, formando cardumes de milhares de indivíduos e estão entre as espécies comerciais mais importantes da Amazônia. 

Tucunaré (Cichlidae - família)
Foto: Sabor Sonoro
Um dos peixes mais apreciados da região. São encontradas três espécies de tucunaré:  Tucunaré, tucunaré-comum (Cichla monoculus): Espécie de grande porte alcança cerca de 50 cm de comprimento, muito apreciada pela população da Amazônia. Os principais aparelhos de captura são o corrico e a zagaia. 
Tucunaré (Cichla sp.): Espécie que também alcança cerca de 50 cm de comprimento. Provavelmente trata-se de uma espécie nova para a ciência e parece ser restrita ao rio Tapajós. 
Tucunaré, tucunaré-pinima (Cichla temensis): Esta espécie alcança mais de 80 cm de comprimento. É a única espécie de tucunaré que pode facilmente ser identificada pela contagem de escamas: mais de 100 numa linha longitudinal.
Além destas, várias outras espécies são encontradas na região como: Apapá (Clupeidae - família); Traíra (Erythrinidae - família); Branquinha (Curimatidae - família); Charuto (Hemiodontidae - família); Aracu (Anastomidae - família); Pirapitinga (Serrasalmidae - família); Piranha (Serrasalmidae - família); Pacu (Serrasalmidae - família); Mapará (Hypophthalmidae - família); Surubim (Pimelodidae - família); dentre outras.

Fonte: Projeto IARA/IBAMA. Peixes Comerciais do Médio Amazonas - Região de Santarém-PA. Brasília, 1998. Fonte: Projeto IARA/IBAMA - Administração dos Recursos Pesqueiros do Médio Amazonas - IARA em Quadrinhos - O Tambaqui, Ano III, nº 3, 3ª edição. Abril/1996 Projeto IARA/IBAMA - Administração dos Recursos Pesqueiros do Médio Amazonas - IARA em Quadrinhos - O Pirarucu, Ano III, nº 3, 3ª edição. Abril/1996